sábado, 1 de março de 2014

Porque voltar é esquisito...

Eu queria muito voltar, estava toda empolgada e cheia de planos. Voltei feliz, me sentia voltando para o passado e futuro. Ok, tô cafona.

Mas o fato de voltar por opção não minimiza esse efeito esquisito da volta.

Já me questionei se era frescurite aguda, mas não é. Já tive várias oscilações de humor e dúvidas. Não estou arrependida, não se trata disso. É outra coisa que não sei explicar direito ainda! :P 

Desembarcamos há menos de um mês e aconteceu de tudo: aquela alegria de encontrar amigos e familiares, churrascão a la uruguaia de boas-vindas e toda sorte de mimos gastronômicos que um expatriado tanto deseja. 

Viajamos para o litoral, pegamos praia e sol até às 22h (ah, o verão nas terras do sul!), consegui uma entrevista de emprego com apenas 2 dias no país e logo depois comecei a trabalhar. 

Nos dias seguintes, continuamos recebendo e fazendo visitas, indo ao trabalho, redescobrindo a cidade e marcando presença nos nossos cantinhos preferidos de outrora. 

As primeiras contas começaram a aparecer e ainda seguimos buscando apartamento para alugar. 

A vida foi ganhando cara de rotina novamente. E as comparações com o que ficou para trás foram crescendo e ficando mais duras.

Quando mudei do Brasil para o Uruguay o choque cultural foi pequeno, foi relativamente fácil me encaixar na vida daqui, eu me sentia mais tranquila e segura, passou rápido a transição de turista/recém-chegada/moradora.

Sair do Uruguay para ir a Irlanda tampouco foi uma mudança marcada por grandes dificuldades de adaptação. É bem verdade que não tinha essa sensação de ter a cidade como minha, ainda assim me sentia muito comoda lá.

Mas vou te contar que deixar a Irlanda e voltar ao Uruguay está sendo mais difícil de processar nessa minha cabecinha: basicamente não entendo porquê, já que sinto falta, mas não quero voltar, pelo menos não agora.

Aí junta com o lado não tão bacana da realidade: já não me sinto tão segura como antes em Montevideo e fico pensando como tudo pode ser tão caro, qual a mágica que esse povo faz? Qual a mágica que eu fazia, hein?

Tenho crises sempre quando volto do supermercado, morro de saudades do Dunnes, morro de saudades de comprar meus queijos, doces e outras bobagens por 2 euricos ou menos, além das coisas básicas como 'comida de verdade', frutas, produtos de limpeza e higiene e não me sentir lesada no caixa. 

Dá um nó na garganta quando somo meu salário e o do Pablo e vemos que o que ele ganhava em Dublin era 30% mais desse valor. Ele, apenas ele trabalhando lá, conseguia mais do que nós dois trabalhando aqui. E não tem essa que o custo na Irlanda é mais alto, só aluguel é realmente mais alto, o resto como gasolina, alimentação e lazer estamos gastando a mesma coisa, mesmo fazendo a conversão. 

Já sabiamos de tudo isso, já tinhamos feito contas antes de tomar a decisão de voltar, aí você pode se perguntar 'então tá reclamando do que, fia?'. 

Não sei, na verdade isso não é uma reclamação propriamente dita, talvez seja mais uma constatação e um desabafo (aprendi a desabafar no brogue e achei terapêutico hehe). 

Mesmo conhecendo as dificuldades de antemão, não deixa de ser esquisito, e vai levar um tempo para me ajustar a nova-velha realidade.

Sinto falta de Dublin, falta da cara da cidade, dos parques, da luta com o inglês, das pessoas queridas que conheci, dos pubs e cafés, do povo fazendo música nas ruas, de planejar a próxima viagem no site da Ryanair. Mas essa parte é a saudade gostosa, aquela que a gente lembra e vem um sorrisinho na cara.

Não posso negar que há muita alegria na volta, principalmente por estar perto da família (nesse caso a do Pablo que a esta altura já é minha também), andar de chinelo por aí, ver o por do sol na rambla (como me faz bem e como extrañaba) e estar trabalhando. É, gosto de bater cartão na firma, mesmo ganhando pouco hehe. 

E ainda falta a visita a Bahia para encher o coração - e barriga - de felicidade, estou contando os dias para ir como sempre.

A experiência em Dublin marcou mais do que cheguei a pensar... a gente muda, né? E agora só o tempo vai dizer como essa esquisitice vai se comportar! ;)


P.S. o blog tá paradinho porque ando correndo como louca, mas ainda quero contar da viagem a Ásia, Bruxelas, Amsterdam e um montão de coisa!

2 comentários:

  1. Oi Mile. E' facil acostumar com o q e' bom, ne'? Eu te entendo.
    Bjo.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Essa volta é bem esquisita, Léia! Mas a gente vai se adaptando de novo! ;)

      Beijo!

      Excluir